Do isolamento espiritual ao abraço acolhedor do Pai na Família de Deus
Amados irmãos e irmãs, que a graça e a paz do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo repousem sobre cada coração neste momento. É com alegria e reverência que nos reunimos diante da presença de Deus para meditar em uma das verdades mais gloriosas do Evangelho:
o chamado para fazermos parte da família de Deus. Não há privilégio maior do que ser chamado filho do Altíssimo, herdeiro com Cristo, participante da natureza divina e amado de modo eterno por aquele que criou os céus e a terra. O mundo pode oferecer muitas coisas, mas nenhuma delas se compara ao valor inestimável de pertencer à família de Deus.
A Palavra do Senhor nos diz em João 1.12: “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no seu nome.” Essa passagem revela o coração do Evangelho: Deus, em Cristo, nos convida a um novo nascimento, a uma nova identidade e a uma nova relação. Não somos apenas criaturas de Deus, como toda a humanidade é; somos chamados a ser filhos, filhos legítimos, adotados por meio de Jesus Cristo.
Essa filiação não é fruto de sangue, nem de vontade da carne, nem de vontade de homem, mas de Deus. Ser parte da família divina é um ato de graça, um presente do céu, uma adoção espiritual realizada pelo próprio Espírito Santo.

Quando pensamos em família, pensamos em comunhão, em cuidado, em amor, em pertencimento. E é justamente isso que Deus oferece àqueles que creem em Seu Filho. Ele não nos chamou apenas para servir, mas para pertencer; não apenas para obedecer, mas para amar; não apenas para trabalhar em Sua casa, mas para viver nela. A vida cristã não é uma religião fria, mas um relacionamento quente e vivo com o Pai Celestial, com o Filho redentor e com o Espírito consolador.
O apóstolo Paulo, escrevendo aos Efésios, diz em Efésios 2.19: “Assim, já não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos santos e da família de Deus.” Que declaração poderosa! Antes, éramos estrangeiros, afastados, sem parte nas promessas, sem esperança, sem Deus no mundo. Mas agora, pela obra de Cristo na cruz, fomos aproximados, reconciliados, feitos membros da família divina. O que antes era distante, agora é íntimo; o que antes era rejeição, agora é aceitação; o que antes era orfandade, agora é filiação.
Ser parte da família de Deus é mais do que ter o nome num rol de membros de uma igreja. É experimentar a realidade espiritual do novo nascimento. Jesus disse a Nicodemos em João 3.3: “Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo não pode ver o reino de Deus.” E mais adiante, em João 3.5, Ele acrescenta: “Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus.
” O novo nascimento é o portal para a família divina. Não se entra pela herança natural, nem por tradição, nem por mérito; entra-se pela fé em Jesus Cristo e pela regeneração operada pelo Espírito Santo.
Imagine o que significa isso: o Deus eterno, santo e glorioso, que habita em luz inacessível, decidiu abrir Sua casa, Seu coração e Sua herança para acolher pecadores redimidos, transformando-os em filhos amados. Ele nos lava, nos purifica, nos reveste de vestes novas e nos chama pelo nome. Como o pai do filho pródigo, Ele corre ao nosso encontro quando decidimos voltar, coloca o anel da filiação em nossos dedos e prepara uma festa para celebrar o nosso retorno. Oh, que amor é esse! Que graça incomparável é essa que transforma escravos em filhos, perdidos em achados, mortos em vivos, estrangeiros em herdeiros!
Mas, meus amados, ser parte da família de Deus traz também responsabilidades. Toda família tem seus valores, suas tradições, seus princípios. A família de Deus é regida pelo amor, pela santidade e pela verdade. Jesus disse em Mateus 5.9: “Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus.” A filiação divina se manifesta no caráter. Os filhos de Deus refletem a natureza do Pai. Ele é santo, e nós devemos ser santos; Ele é misericordioso, e nós devemos ser misericordiosos; Ele é amor, e nós devemos amar uns aos outros.
E é nesse ponto que o Espírito Santo começa a trabalhar em nós de forma profunda. Ele nos transforma à imagem de Cristo, o primogênito entre muitos irmãos, conforme Romanos 8.29: “Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que Ele seja o primogênito entre muitos irmãos.” Isso significa que Jesus é o padrão, o exemplo, o modelo de todo filho de Deus. Quanto mais nos parecemos com Cristo, mais expressamos a verdadeira natureza da família celestial.
Na vida pessoal, ser parte da família de Deus muda completamente a nossa identidade. O mundo tenta nos rotular de acordo com o passado, com as falhas, com a aparência, com a posição social. Mas quando Deus nos adota, Ele muda o nosso nome e o nosso destino. Em Isaías 43.1 o Senhor declara: “Mas agora, assim diz o Senhor que te criou, ó Jacó, e que te formou, ó Israel:
Não temas, porque eu te remi; chamei-te pelo teu nome, tu és meu.” Ele nos chama de “meu filho”, “minha filha”, “meu servo amado”. A insegurança dá lugar à confiança; a culpa é substituída pela paz; o medo é vencido pelo amor.
Na família, encontramos cuidado. O Pai cuida de nós com zelo e fidelidade. Jesus nos ensinou em Mateus 6.26: “Olhai para as aves do céu, que não semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros, e vosso Pai celestial as alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que elas?” Pertencer à família de Deus significa saber que nunca estaremos desamparados. Pode faltar tudo neste mundo, mas nunca faltará o cuidado do Pai. Ele supre, Ele consola, Ele guia, Ele disciplina e Ele sustenta.

Na vida familiar, ser parte da família de Deus traz também restauração. O mesmo Deus que nos adota espiritualmente quer restaurar nossos lares terrenos. Quando Cristo entra em uma casa, Ele transforma relacionamentos, cura feridas, quebra maldições e estabelece um novo padrão de amor. O marido aprende a amar como Cristo amou a Igreja; a esposa aprende a respeitar e edificar; os filhos aprendem a obedecer e honrar. A família natural se torna um reflexo da família celestial.
E na igreja, essa verdade se manifesta em comunhão. Somos irmãos e irmãs em Cristo, unidos pelo mesmo sangue, o sangue do Cordeiro. Não há espaço para divisões, ciúmes ou invejas. A Igreja é a família da fé, como diz Gálatas 6.10: “Façamos bem a todos, mas principalmente aos domésticos da fé.” Quando nos reunimos, não somos uma multidão anônima; somos uma família espiritual. O amor fraternal deve ser a marca dessa família. O mundo reconhecerá que pertencemos a Cristo pelo amor que demonstramos uns pelos outros.
No campo da missão, ser parte da família de Deus nos impulsiona a convidar outros para essa comunhão. Ninguém deve guardar para si o privilégio da adoção divina. O coração do Pai é missionário; Ele deseja que muitos filhos e filhas retornem para casa. Jesus contou a parábola do grande banquete em Lucas 14.23, quando o senhor da casa disse ao servo: “Sai pelos caminhos e valados e obriga-os a entrar, para que a minha casa se encha.” O desejo de Deus é que Sua casa esteja cheia, que a mesa da comunhão esteja completa, que nenhum dos seus escolhidos se perca.
E é por isso que cada um de nós, como membros da família de Deus, temos uma responsabilidade: anunciar o Evangelho, testemunhar do amor do Pai, convidar os perdidos a voltarem para casa. Não há alegria maior no céu do que a de um pecador que se arrepende. Cada vez que alguém se rende a Jesus, uma nova celebração acontece na família divina.
Meu irmão, minha irmã, talvez você tenha vivido uma vida de rejeição, solidão e dor. Talvez tenha crescido sem uma família presente, sem um pai amoroso, sem alguém para chamar de lar. Mas ouça esta boa notícia: há um Pai nos céus que o ama profundamente, que o esperou desde sempre e que hoje o chama para ser parte da Sua família. Ele não rejeita, Ele acolhe; não acusa, Ele perdoa; não abandona, Ele adota.
E se você já é parte dessa família, viva de modo digno dessa filiação. Rejeite o pecado, abrace a santidade, perdoe os irmãos, sirva com amor, caminhe em unidade. Não se esqueça: o nome do Pai está sobre você. Sua vida deve refletir a glória daquele que o chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz.
Chegará o dia em que toda a família de Deus se reunirá, não mais em templos terrenos, mas na glória eterna. Aquele grande encontro diante do trono do Cordeiro será o ápice da adoção. Lá estaremos com Abraão, Isaque, Jacó, Pedro, João, Paulo, e milhões de filhos e filhas redimidos, cantando um novo cântico: “Ao que está assentado sobre o trono e ao Cordeiro, seja o louvor, e a honra, e a glória, e o poder para todo o sempre” (Apocalipse 5.13).
E até que esse dia chegue, vivamos como família. Amemos, cuidemos, suportemos uns aos outros, celebremos juntos e mantenhamos o olhar fixo em Cristo, nosso irmão mais velho, nosso Salvador, nosso Senhor.
Pai querido, nós Te louvamos por nos chamares de filhos. Obrigado por nos adotares, por nos amares com amor eterno, por nos acolheres em Teu lar. Perdoa-nos quando agimos como estranhos à Tua vontade, quando nos afastamos da comunhão, quando esquecemos da Tua graça. Hoje, queremos renovar o nosso compromisso de viver como membros da Tua família.
Abençoa cada coração que ouve esta palavra. Restaura lares, reconcilia relacionamentos, cura feridas, salva almas. Que muitos, nesta hora, possam sentir o Teu abraço e ouvir a Tua voz dizendo: “Tu és meu filho amado.” Em nome de Jesus Cristo, o primogênito entre muitos irmãos, oramos e Te damos graças. Amém.
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